Avaliando o custo oculto da manutenção de sistemas legados vs reconstrução inteligente
Por Júlio Silva, COO da Ivory.
Trabalho há mais de 12 anos na indústria de software e acompanhei de perto várias tentativas de modernização de sistemas legados. Algumas deram muito certo, outras viraram alertas importantes.
Antes de tudo, vale esclarecer o que chamamos de sistema legado.
Sistema legado é qualquer sistema que entrou em produção, funciona, mas não acompanha mais a evolução tecnológica.
Isso pode acontecer por vários motivos: linguagem defasada, banco de dados antigo, infraestrutura engessada, ausência de APIs modernas, dificuldade de adaptar para mobile, impossibilidade de integrar IA, entre outros.
Com o tempo, esse tipo de sistema começa a gerar custos invisíveis, travando inovação e deixando o negócio vulnerável. Abaixo, compartilho 5 erros comuns que vejo em organizações que tentam evoluir, mas caem nas armadilhas mais conhecidas.
1| Transformar a migração em um “mega projeto”
Esse é o clássico: uma reescrita inteira do sistema, com um escopo enorme, que envolve dezenas de pessoas e afeta áreas críticas.
O resultado quase sempre é o mesmo:
- Projetos que se estendem por anos
- Muita complexidade desnecessária
- Virada de chave traumática
- Bugs e instabilidades após o go-live
A abordagem mais inteligente é entregar partes menores, que convivem temporariamente com o legado. É a modernização evolutiva: menos risco e mais aprendizado ao longo do caminho.
2| Não gerenciar as expectativas das áreas envolvidas
Todo projeto de modernização nasce com um objetivo claro: melhorar desempenho, reduzir custo, acelerar entregas, facilitar manutenção, trazer tecnologias novas, melhorar a experiência do usuário.
Na prática, porém, existe um ponto que pouca gente fala: mesmo com todos os benefícios, sempre haverá resistência interna.
Algumas pessoas se acostumaram ao “jeito atual” ou têm receio de perder controle sobre o processo. Outras acham que “não precisava mexer nisso agora”.
Por isso, o time precisa:
- trazer essas pessoas para dentro da discussão,
- explicar as melhorias de forma clara,
- mostrar ganhos reais no dia a dia,
- e manter comunicação constante.
Sem isso, o projeto “morre pelas beiradas”
3| Escolher tecnologia por moda e não por estratégia
Outro erro comum: tentar “modernizar demais” sem necessidade.
Exemplo clássico: o sistema atual é um monolito que funciona bem, roda estável, tem um workload previsível.
Mas porque “todo mundo está indo para microserviços”, a empresa decide transformar tudo.
Resultado: arquitetura complexa, custo de operação maior e um sistema mais difícil de manter que o legado.
A regra é simples: modernize com inteligência, não com modismos.
4| Achar que a IA deve migrar tudo sozinha
IA Generativa mudou nossa forma de desenvolver. Hoje ela:
- aumenta produtividade,
- ajuda a refatorar código,
- acelera entregas,
- reduz esforço repetitivo.
Mas existe uma armadilha aqui.
Sem governança e sem controle técnico do time, você troca um legado difícil por um novo legado impossível de manter.
A orientação prática:
- use IA como aceleradora
- deixe que ela melhore partes do código
- não entregue a engenharia para ela
- faça revisão humana de ponta a ponta
IA ajuda, mas não substitui arquitetura bem-feita.
5| Não migrar! O pior erro de todos
Às vezes o custo invisível de manter o sistema como está é simplesmente ignorado. Mas ele existe e cresce rápido.
Em algum momento, o sistema se torna:
- difícil de dar suporte
- caro para evoluir
- lento para implementar algo novo
- inseguro frente a ameaças externas
- dependente de pessoas que já saíram da empresa
Quando o legado vira “impossível de tocar”, a organização não escolhe mais quando modernizar, ela é obrigada.
E modernizar na urgência é sempre mais caro.
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