Personalização sem dados é só palpite caro
Por Daniel Vidigal, Fundador e CEO da Ivory.
A fantasia da experiência personalizada morreu no buraco onde sua arquitetura de dados deveria estar
O paradoxo da personalização
Todo executivo adora subir no palco e falar de “customer centricity”. Mas, nos bastidores, a realidade é uma zona cinzenta de sistemas que não se conversam, dados isolados em silos e métricas que medem qualquer coisa menos a jornada real do cliente.
A promessa da personalização virou commodity de discurso, mas luxo de execução. O que vemos na prática são abordagens genéricas, com:
- Segmentações baseadas em demografia rasa;
- Regras de negócio engessadas que ignoram contexto;
- Mensagens automatizadas sem timing nem relevância.
No fim do dia, estamos escalando palpite disfarçado de inteligência.
Dados não estruturados, experiência desconectada
Sem uma base de dados confiável, atualizada e acessível em tempo real, qualquer tentativa de personalização vira teatro corporativo. Não falta ferramenta, falta arquitetura.
Boa parte das empresas ainda opera com:
- ERPs travados em lógicas dos anos 2000;
- CRMs que servem como repositórios de histórico, não como motores de decisão;
- Ferramentas de automação que se alimentam de eventos isolados, e não de jornadas completas.
A tecnologia está lá. O que não está é a disciplina de dados, a interoperabilidade e o comprometimento real em transformar comportamento em ação personalizada.
Personalizar exige contexto, não achismo
Personalização de verdade acontece quando a tecnologia entende o contexto do cliente em tempo real e age sobre ele. Isso exige muito mais do que capturar eventos. Exige:
- Unificação de dados entre sistemas, sem redundâncias ou delay;
- Capacidade preditiva que antecipa intenções, e não apenas reage a cliques;
- Integração entre dados e lógicas de produto — onde a decisão é tomada no fluxo, não no comitê.
Quando isso não acontece, o que se chama de personalização é só automação genérica com perfume de inovação.
O custo oculto da “experiência personalizada”
Personalização não estruturada sai cara. Em vez de gerar valor, ela mascara ineficiências e aumenta o ruído. As conseqüências são silenciosas, mas corrosivas:
- O CAC sobe, porque as interações genéricas exigem mais esforço de conversão;
- A satisfação do cliente cai, porque a experiência parece forçada ou irrelevante;
- O time de vendas vira bombeiro de expectativas criadas por jornadas artificiais.
A conta chega, e quem paga é a eficiência do funil.
Pra onde vai quem leva isso a sério
As empresas que estão liderando o jogo da personalização não têm uma ferramenta mágica. Elas têm uma estratégia de dados coerente com o que prometem entregar. Isso se traduz em:
- Arquiteturas orientadas a eventos, que capturam comportamentos em tempo real;
- APIs que funcionam como sinapses entre sistemas legados e novas plataformas;
- Times multidisciplinares (tech, produto e negócio) trabalhando com um mesmo mapa de jornada.
Essas empresas não prometem magia. Elas entregam contexto com consistência.
Antes de personalizar, organize a bagunça
Personalização é a ponta do iceberg. A base é disciplina de dados, integração de sistemas e cultura orientada a comportamento. Não adianta querer fazer recomendação preditiva se você não sabe nem quem é o cliente na outra ponta. A personalização começa muito antes do front-end. Começa na capacidade de organizar, interpretar e agir sobre dados reais.
Na Ivory, personalização não é feature. É consequência. E é por isso que entramos onde a maioria ainda patina: interoperabilidade real, dados acionáveis e decisões no fluxo.
Nosso stack técnico é só a superfície. O que sustenta mesmo é cultura de produto com visão de negócio.Porque personalizar não é encantar com firula digital — é entregar o que importa, na hora certa, do jeito certo.Sem isso, é só marketing bem embalado. E disso o mercado já está cheio.
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