A nova obsessão corporativa: Low-code com IA
Ferramenta não substitui clareza. E agilidade não se terceiriza.
Nos últimos meses, plataformas de low code e no code com IA embutida viraram o novo brinquedo preferido da liderança apressada.
A promessa é sempre a mesma:
“Automatize tudo sem depender de TI.” “Crie fluxos em 15 minutos.” “Ganhe agilidade sem mudar nada.”
O discurso é redondo. O deck de apresentação é sexy. O problema? O time técnico, lá nos bastidores, já entendeu onde isso vai dar.
Pedalada sem treino, cozinha sem receita
Quem já pedalou estrada entende. Não é a bicicleta que te leva mais longe. É saber usar a marcha. Ler o terreno. Ter preparo na perna.
Com tecnologia é igual. Não é a ferramenta que entrega valor. É o preparo, a governança, a clareza do trajeto.
Low code com IA sem contexto técnico é como usar uma bike de carbono para subir ladeira sem saber trocar de marcha.
Quando o MVP vira gambiarra vitalícia
A história se repete.
- Stack nova a cada trimestre
- MVPs que viram produto final sem revisão
- Ferramentas implantadas sem arquitetura mínima
- Promessa de autonomia que só aumenta a dependência do time técnico
O resultado é sempre o mesmo.
O que era pra acelerar, trava.
O que era pra ser lean, vira caos.
E a agilidade real continua sendo adiada para o próximo quarter.
Antes de pedir delivery, aprenda a cozinhar
Quer ser ágil de verdade?
- Organize os ingredientes: dados, processos, gente que entende do negócio
- Tenha uma receita clara
- Saiba o que está cozinhando antes de apertar o botão da automação
Ferramenta não resolve confusão. IA não compensa falta de clareza. E low code não deveria ser sinônimo de “qualquer um faz”.
O erro não é usar. É acreditar que resolve sozinho.
Low code com IA pode sim gerar valor.
- Prototipagem mais rápida
- Empoderamento de áreas de negócio
- Alívio para times técnicos sobrecarregados
Mas só funciona com base sólida. Sem arquitetura, sem governança, sem decisão real, vira só mais um enfeite no stack.
É como dar air fryer pra quem não sabe o que é mise en place. No fim, sai caro, fica cru e ainda queima a confiança do time.
A verdadeira agilidade não é mágica
Ela é chata. É disciplinada. Cheia de decisão difícil. E exige mais contexto do que ferramenta.
Não é sobre o que usar. É sobre o que resolver.
Ferramenta nas mãos certas multiplica. Nas mãos erradas, ilude.
Se esse texto fez você pensar duas vezes antes de adicionar mais uma plataforma ao stack, já valeu.
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